terça-feira, 8 de janeiro de 2008

silêncio

Engraçado, a vida às vezes é tão fácil que a gente se espanta quando algumas coisas são tão ruins que tornam-se melhores quando não são ditas! Nessas horas, imersos no silêncio e na solidão, nos tornamos sublimes por não querermos sê-lo. Agüentamos sozinhos uma carga por vezes colossal de dor por não suportarmos sequer a idéia de sua existência.
Não verbalizar não significa ignorar nem querer fazê-lo. É ter consciência de que algumas experiências são só nossas e que, por mais estranho que pareça, egoísmo mesmo é querer compartilhá-las com alguém. Não se engane, o alívio trazido pelo desabafo é condicional. Às vezes as palavras só fazem aumentar o buraco-negro dentro de nós...
Por mais que queiramos acreditar nisso, ninguém sofre por nós! é impossível cortar a dor ao meio e distribuí-la em dois corações. A dor que os que nos amam sentem com nossas tristezas é por nos ver mal e nada tem a ver com a causa de nossa angústia. Por isso, às vezes é preciso guardá-la, moê-la e remoê-la, até que reste apenas pó. O processo é doloroso e não visa recompensas. Ninguém irá glorificá-lo por isso, no máximo o julgarão tolo. A cicatriz será profunda e só você poderá vê-la, mas em compensação estará isenta dos julgamentos errôneos de quem não conhece profundamente seu coração e jamais teria ajudado a fechá-la...
Não me interpretem mal, seria um crime menosprezar o valor de uma amizade, de bons conselhos, ou simplesmente de um ombro onde chorar! Essas são as coisas mais valiosas que temos na vida mas, mesmo tendo todo o ouro do mundo, às vezes é preciso dormir em cama de palha para nos lembrarmos de quem nós somos...